Os sistemas de armazenagem são estruturas de grande porte que tem o objetivo de organizar mercadorias, otimizar espaços e atender diversos segmentos econômicos. Em razão dos benefícios oferecidos, é fundamental adotar ações preventivas e inspeções regulares, de modo a evitar avarias e acidentes.
No entanto, um questionamento recorrente é como proceder para realizar uma inspeção correta e monitorar as condições do sistema de armazenamento. Desse modo, elaboramos um artigo com objetivo de desmistificar informações que se tornaram públicas sobre o setor logístico e auxiliar a comunidade a ter melhor compreensão do assunto.
Com objetivo de facilitar a organização das informações, desenvolvemos algumas perguntas e respostas importantes para ajudar a compreensão sobre as inspeções, compartilhando os conhecimentos adquiridos pela ISMA em mais de 50 anos de atividades. Acompanhe a leitura e esclareça suas dúvidas.
1 – O que são sistemas de armazenagem?
Em primeiro lugar é importante esclarecer que sistemas de armazenagem são equipamentos destinados à armazenamento de materiais dos mais variados tipos. Essas estruturas apresentam nomenclaturas próprias, conforme as dimensões, peso e materiais que serão armazenados.
Além disso, existem particularidades para cada modelo, segundo a operação que será necessária e os equipamentos que serão utilizados para abastecer e retirar os produtos.
Com esse entendimento, é possível estruturar um sistema de armazenagem nas seguintes modalidades: na forma de uma estante, com altura equivalente a de um ser humano para abastecimento manual, ou ainda, um Porta-Paletes autoportante com dezenas de metros de altura, cuja operação acontece por meio de um transelevador automático com mais de 1 tonelada.
2- Por que o produto é complexo?
É importante destacar que os sistemas de armazenagem são sistemas pré-engenheirados, geralmente constituídos em aço carbono, a partir de perfis formados a frio. Portanto, nessa primeira explicação já é possível comprovar que o trabalho é desenvolvido e criado, a partir de parâmetros técnicos que necessitam da maior eficiência possível.
Além disso, as estruturas são compostas por elementos perfurados e executados, a partir de ligações semirrígidas. Sendo assim, é necessário começar o serviço pelo encaixe de elementos ou do uso de parafusos, para então proceder com a montagem. Lembrando que os sistemas são montados diretamente sobre o piso de concreto dos galpões, isentos de qualquer tipo de fundação.
Devido às características construtivas, os sistemas de armazenagem apresentam fenômenos de não-linearidade de diversas naturezas, sendo, inclusive, projetados para ações acidentais que se diferenciam de outras soluções construtivas.
A título de exemplificação podemos citar um choque mecânico de um equipamento de movimentação no sistema de armazenagem. Embora não seja um fato desejável, é um cenário que deve ser avaliado preventivamente, de modo que não seja suficiente para colocar a estrutura em colapso (desmoronamento).
Em razão da complexidade dessas estruturas, é comum serem utilizadas em ensaios experimentais, para ter conhecimento prévio sobre o desempenho e a capacidade para suportar choques. Do mesmo modo, a avaliação é essencial para obtenção de parâmetros empregados nas formulações de dimensionamento dos elementos que constituem o produto.
3- Os sistemas de armazenagem devem seguir algum tipo de norma técnica?
Na atualidade, a norma que valida os processos nos sistemas de armazenagem é a ABNT NBR-15524:2007. O material faz referência sobre a estrutura tipo Porta-Paletes seletivos, destacando os principais acessórios e variações tipológicas dos modelos comercializados no mercado.
Contudo, é importante esclarecer que existem várias normas técnicas, de origem internacional, que também abordam o assunto. Por exemplo, as prescrições adotadas na Europa, as quais utilizam a nomenclatura “EM”, são bem completas, consolidadas e costumam ser adotadas de modo complementar às diretrizes apresentadas pela norma brasileira.
4- O sistema de armazenagem é sempre igual, em qualquer lugar do Brasil ou do mundo?
A resposta é não, pois, os fabricantes, mesmo seguindo as recomendações das normas técnicas, dispõem de recursos de fabricação variáveis, o que impacta nas características dos produtos produzidos. Normalmente, as características de um sistema não são compatíveis com os modelos beneficiados por outros fornecedores, embora existam casos isolados de peças intercambiáveis.
Desse modo, embora os sistemas de armazenagem apresentem algumas “semelhanças”, contam com diferenças significativas entre si, inclusive no que diz respeito às questões relacionadas com o acabamento do produto (em especial, o pré-tratamento e pintura). Outros fatores com variação são: o tipo de aço, perfis e tipos de ligação das estruturas.
Com esse entendimento, a perenidade de um determinado fornecedor é uma condição essencial na continuidade de um padrão oferecido ao cliente, no caso de uma nova aquisição ou ainda, quando são necessários ações de manutenção que necessitem de reposição de peças.
5- Qual é o melhor aço, o melhor perfil e o melhor tipo de ligação para um sistema de armazenagem?
Antes de mais nada, é preciso destacar que não existe uma resposta conclusiva para as questões apresentadas. Isso porque um produto projetado dentro das normas vigentes, que atenda o escopo demandado pelo uso do cliente, é desenvolvido para ser o melhor produto.
Nesse sentido, as variações de aço, perfil e outros detalhes construtivos, inclusive o tipo de ligação entre os elementos, são inerentes à flexibilidade oferecidas pelas normas técnicas e estão relacionadas a fatores alheios ao uso final. As condições podem variar desde a disponibilidade de matéria-prima até os recursos fabris existentes no momento da contratação do serviço.
Com esse entendimento, é errado imaginar que um sistema de armazenagem é mais ou menos seguro que outro, somente por ser feito com determinado tipo de aço ou por ser constituído com um tipo específico de perfil.
Pelo contrário, a condição básica para segurança da estrutura é o atendimento das diretrizes normativas. Lembrando que as recomendações podem ser seguidas de variadas formas, possibilitando a obtenção de soluções, que embora apresentem diferentes meios, alcançarão o mesmo objetivo.
Como exemplo, podemos citar um Porta-Paletes selecionado pelo cliente, constituído em aço com 300 Mpa de tensão de escoamento. O material não é necessariamente menos seguro do que o tipo 350 Mpa. A diferença será verificada, segundo a aplicação de cada material.
6- O produto pode ser montado de acordo com a necessidade do usuário?
Sim, pode, mas não é a decisão ideal. Normalmente, o sistema de armazenagem é concebido para uma finalidade específica, visando o atendimento de uma determinada demanda. Para que isso seja possível é elaborado um documento, chamado de projeto, que contém todas as particularidades existentes, detalhes da implantação e limites de capacidade de carga.
Vale ressaltar que, por se tratar de um produto pré-engenheirado, o sistema de armazenagem cria a falsa ilusão de ser flexível a mudanças. Afinal, é impossível não associar a proposta construtiva a do brinquedo LEGO®, onde diferentes peças podem se encaixar de infinitas maneiras.
Ainda que exista a possibilidade de mudança, ofertada pela própria característica do sistema, é fundamental validar antes da montagem. Afinal, o que pode ser avaliado como uma mudança simples nas condições construtivas, pode resultar em um impacto expressivo no desempenho da estrutura.
Nesse sentido, é preciso destacar que uma das principais razões dos colapsos em sistemas é a mudança arbitrária das características originais de um produto, sem a prévia validação de um especialista.
Para melhor visualização, vamos imaginar a seguinte situação: por menos intuitivo que possa parecer, a remoção de níveis de armazenagem de um determinado Porta-Paletes seletivo e a consequente redução na sobrecarga total armazenada, não significa uma solução mais segura.
A resposta para essa afirmação é de que as longarinas (vigas) são responsáveis não somente pela recepção e encaminhamento das ações oriundas das unidades de carga armazenadas, mas ainda, pela contenção das colunas. Por esse motivo, quando um nível de longarina é removido ou reposicionado, impõe-se ao sistema uma alteração nas condições de estabilização, o que pode ser muito nocivo para a segurança da estrutura.
7- O sistema de armazenagem pode ser montado por qualquer profissional?
Pode, mas não deve ser feito, já que por trás da facilidade das ligações encaixadas e da instalação de parafusos existem muitos procedimentos executivos que precisam ser dominados para atender às rigorosas tolerâncias normativas.
Dito isso, a montagem de um sistema de armazenagem demanda recursos mais acessíveis quando comparada à execução de outras soluções, principalmente por conta da natureza pré-engenheirado do produto. Porém, para executar esse serviço existem uma série de fatores que demandam desde a sequência adequada de apertos de parafusos, até o modo correto da manipulação durante a montagem.
Sendo assim, a montagem correta é fundamental para estabelecer os níveis requeridos de segurança, para o produto ter o desempenho para o qual foi projetado.
Nesse sentido, é importante reforçar que o serviço não visa apenas a estruturação do sistema, mas ainda, contornar pequenos desvios observados com frequência nas instalações, como, por exemplo: eventuais desníveis existentes no piso do local da montagem.
Portanto, é altamente recomendável que sejam contratadas equipes de montagem especializadas em sistemas de armazenagem, para execução de uma obra nova ou a adequação de um produto já existente.
8- Por que somente a ART não resolve todos os problemas de um sistema de armazenagem?
É importante esclarecer que a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) é um documento que vincula a responsabilidade técnica de um profissional (pessoa física ou jurídica) a uma determinada “solução”, que pode ser um produto, serviço ou qualquer outra atividade desempenhada por um profissional de engenharia.
No entanto, a apresentação da ART não significa que uma determinada estrutura foi concebida de acordo com as diretrizes normativas, e que por isso, oferece níveis adequados de segurança. O documento garante simplesmente que existe um CPF ou CNPJ responsável pela solução, e no caso de acontecer um problema de grande complexidade, será responsabilizado pelo sinistro em diferentes esferas jurídicas. Logo, a ART é garantia de atribuição de responsabilidade e não um recurso que torna uma determinada solução inerte a acidentes.
Daí a importância de optar por empresas e profissionais especialistas no segmento, pois mais importante do que o documento, é o know-how da assessoria prestada, que se traduz na adequação dos níveis de segurança das soluções propostas.
9- O “Atacarejo” (sistema de armazenagem misto, onde o porta-paletes é montado, vinculado a gôndolas em redes atacadistas) é realmente perigoso?
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que o Atacarejo é uma solução bastante utilizada no setor varejista, e cada vez mais comum no Brasil. A diferença entre as soluções implantadas nessa modalidade operacional e outras existentes, é basicamente a visibilidade e o acesso ao grande público.
Dito isso, toda engenharia de produto que está disponível para um operador logístico ou um centro de distribuição, é fornecida e deve estar presente nas soluções dos Atacarejos. Sendo assim, todas as modalidades apresentadas precisam atender os níveis de segurança recomendados para sistemas de armazenagem.
Vale destacar que toda operação realizada em sistemas de armazenagem está sujeita a riscos, seja em uma área industrial, de acesso restrito, ou no espaço de uma rede atacadista, frequentado por centenas de pessoas. Com esse entendimento, a recomendação é de que fornecedores e usuários se comprometam a tomar atitudes preventivas, seja com o uso de acessórios de segurança ou na adoção de boas condutas profissionais.
Outra informação que merece destaque é que a interação entre os Porta-Paletes seletivos e as gôndolas demandam adequações nas duas estruturas. Sendo assim, é conveniente citar que a solução empregada no Atacarejo não apresenta as mesmas características construtivas, de quando são executadas separadamente.
Por isso, se as adaptações forem executadas de modo inadequado ou realizadas em produtos inaptos à aplicação, a solução resultante pode se tornar potencialmente perigosa, com risco de colapso de um ou dos dois sistemas.
10- E os Porta-Paletes seletivos? São perigosos?
Como mencionado anteriormente, o uso de qualquer sistema de armazenagem deve obedecer a uma série de procedimentos, de modo a mitigar ocorrências de acidentes ou avarias. No caso específico dos Porta-Paletes seletivos, os acontecimentos mais notáveis na operação, estão relacionados aos choques mecânicos entre os equipamentos de movimentação ou as unidades de carga e os sistemas de armazenagem.
Do mesmo modo, pode acontecer a queda de uma unidade de carga, parte dos produtos unitizados ou a ruptura de paletes. Contudo, as diretrizes normativas apresentam soluções para cada um dos casos citados.
Em relação aos acessórios de segurança mais utilizados nestes sistemas, temos os protetores de coluna, os guard-rails e os limitadores traseiros, também chamados de “stops”. Vale esclarecer que cada projeto é individualizado, então os equipamentos complementares são minuciosamente estudados para atenderem as necessidades de cada solução.
11- O sistema de armazenagem tem vida útil?
Sim e não. A vida útil de um sistema de armazenagem está diretamente ligada às condições de utilização adotadas pelos usuários dos equipamentos. Dessa maneira, as estruturas, como qualquer outro equipamento, precisam de boas práticas de uso, rotinas adequadas de manutenção preventiva e ações excepcionais de reparos quando houver necessidade.
Desse modo, quando os procedimentos citados são efetuados de modo assertivo, garantem a maximização da vida útil do produto. Não é exagero afirmar que um sistema de armazenagem submetido ao manuseio adequado, de uso e manutenção constante, tem prazo de vida indeterminado.
Em contrapartida, um sistema de armazenagem pode ter a vida útil drasticamente reduzida se as recomendações feitas pelos fornecedores e as normas técnicas indicadas não forem seguidas.
Portanto, um dos principais procedimentos previstos em norma, e que colaboram com a saúde do sistema de armazenagem, é a “Inspeção Periódica”. Essa atividade garante que os níveis de segurança sejam mantidos ao longo do tempo, mesmo com o uso dos sistemas de armazenagem.
Caso seja essa a demanda da sua empresa, entre em contato conosco. A ISMA conta com uma equipe especializada na consultoria e realização de serviços de inspeção em sistemas de armazenagem de qualquer fabricante. Acesse o link e confira os detalhes das soluções disponíveis.