A logística brasileira vive um cenário de intensa pressão por produtividade, redução de custos operacionais e aumento da acurácia no controle de estoques. Nos últimos anos, os gastos logísticos no Brasil chegaram a patamares historicamente elevados – em 2023 representaram 18,4% do PIB, muito acima de países desenvolvidos (nos EUA são cerca de 8,7% do PIB). Dentro desse contexto, o custo de manter estoques foi o grande vilão, atingindo aproximadamente 7% do PIB brasileiro.
Esses números refletem o peso financeiro de armazenar produtos e mostram porque as empresas buscam cada vez mais eficiência em seus métodos de armazenagem e gestão de estoque. Garantir alta precisão nos inventários – isto é, saber exatamente o que está disponível – torna-se essencial para evitar perdas por obsolescência ou vencimento, assim como para atender os clientes com agilidade e precisão. Nesse ambiente competitivo, adotar as estratégias corretas de fluxo de mercadorias no armazém é fundamental para equilibrar custos e nível de serviço.
Entre as práticas de gestão de estoques, destacam-se duas metodologias opostas: FIFO (First In, First Out) e LIFO (Last In, First Out). Cada uma define uma ordem distinta de saída dos itens armazenados, impactando diretamente a rotatividade dos produtos, a utilização das estruturas de armazenagem e a estratégia operacional da empresa.
FIFO (First In, First Out): conceito e exemplos práticos
FIFO (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) significa que o primeiro item que entra no estoque será necessariamente o primeiro a sair. Isso significa que os produtos mais antigos são expedidos primeiro, enquanto os mais novos aguardam sua vez. Esse método – também chamado de PEPS em português – tem como principal objetivo garantir a rotatividade adequada de itens com prazo de validade curto ou risco de obsolescência, assegurando que nada fique armazenado até vencer ou deteriorar. Imagine, por exemplo, um depósito de laticínios: as caixas de leite que chegaram primeiro devem ser despachadas antes das que chegaram depois, de modo a evitar perdas por vencimento.
Por conta desse foco nas datas de entrada e validade, o FIFO é amplamente adotado em negócios que lidam com produtos perecíveis ou sensíveis ao tempo, como alimentos, bebidas e fármacos. Supermercados e indústrias alimentícias no Brasil utilizam rotineiramente o FIFO em seus centros de distribuição, justamente por trabalharem com mercadorias de curta vida útil. De fato, o FIFO é atualmente o método de gestão de estoque mais difundido, indicado para a maioria dos produtos em almoxarifados e armazéns gerais.
Caso não fosse aplicado nessas situações, o resultado seria acúmulo de itens vencidos e prejuízos financeiros por descarte de mercadoria, o que nenhuma empresa pode arcar em um cenário de margens apertadas.
Além de preservar a qualidade dos produtos, o FIFO facilita o controle de estoque ao alinhar o fluxo físico com a ordem cronológica de entrada. As informações do sistema batem mais facilmente com a realidade, aumentando a acurácia dos inventários.
Por exemplo, em um sistema FIFO bem implementado, é menos provável encontrar surpresas em auditorias, pois os itens mais antigos sempre saem primeiro, evitando esquecidos no fundo de prateleiras. Também há benefícios operacionais: a saída rápida dos itens mais antigos promove uma rotatividade dinâmica, liberando espaço para novos lotes e evitando a necessidade de grandes estoques de segurança.
LIFO (Last In, First Out): conceito e exemplos práticos
LIFO (Último a Entrar, Primeiro a Sair) define que o último item que entrou no estoque será o primeiro a sair. Na prática, significa que as mercadorias mais recentes são expedidas antes das mais antigas que já estavam armazenadas. Esse método – conhecido como UEPS em português – inverte a lógica cronológica e costuma ser aplicado em situações em que o tempo de armazenagem prolongado não degrada o produto nem compromete seu valor. Ou seja, o LIFO é adequado para empresas com itens não perecíveis ou de longa validade, em que a rotatividade do estoque não precisa ser intensa.
Um exemplo simples pode ser visualizado em um depósito de materiais de construção: pilhas de tijolos ou sacos de cimento geralmente operam em LIFO, pois os últimos pallets empilhados (os da frente) são retirados primeiro, enquanto os que ficaram no fundo podem aguardar mais tempo sem problemas de vencimento.
No contexto logístico brasileiro, o LIFO tende a ser menos comum que o FIFO, justamente por nossas cadeias envolverem muitos produtos perecíveis. Ainda assim, há cenários onde o LIFO faz sentido estratégico. Empresas que trabalham com mercadorias sazonais ou de moda frequentemente utilizam LIFO nos picos de estoque: por exemplo, distribuidoras de roupas ou calçados podem armazenar grandes lotes de coleção nova por cima dos antigos, vendendo primeiro os itens recém-chegados para aproveitar a demanda momentânea, enquanto o que sobrar do lote anterior (menos procurado) pode ser vendido posteriormente em promoção.
Da mesma forma, indústrias de eletrônicos podem aplicar LIFO para liberar rapidamente os modelos mais recentes de celulares ou videogames assim que chegam, pois esses têm maior apelo de mercado imediato. Nessas situações, os produtos armazenados anteriormente ficam no estoque por mais tempo, mas por serem não perecíveis ou terem ciclo de vida mais longo, não acarretam perda de qualidade significativa.
Uma vantagem operacional do LIFO é a simplicidade no acesso às cargas. Como as últimas unidades inseridas serão as primeiras a sair, normalmente todas as movimentações ocorrem pela mesma face ou corredor do sistema de armazenagem.
Isso pode reduzir distâncias de deslocamento interno e eliminar a necessidade de realocar constantemente produtos antigos para dar vazão aos novos – diferente do FIFO, onde às vezes é preciso reorganizar posições para garantir a sequência. Em sistemas bem planejados, o LIFO também minimiza o manuseio duplicado: o operador não precisa mover o estoque antigo para estocar o novo, basta colocar o lote mais recente na frente e retirar por ali mesmo, diminuindo riscos de danos nas mercadorias pelo manuseio excessivo.
Essa característica traz mais agilidade e flexibilidade em certos ambientes, explicando por que operações como dark stores (centros urbanos de abastecimento rápido) e alguns armazéns de comércio eletrônico utilizam LIFO para itens sem validade curta.
Por outro lado, é preciso ressaltar que o LIFO não deve ser empregado em produtos perecíveis ou sujeitos à obsolescência rápida. Se fosse aplicado a alimentos, medicamentos ou itens com data de validade próxima, haveria alto risco de mercadorias antigas ficarem “presas” no estoque até expirar. Portanto, o LIFO se restringe a nichos específicos onde o fator tempo não é crítico para a mercadoria ou onde há motivo estratégico para estocar além da demanda imediata (como formar um estoque para promoções sazonais).
É uma abordagem válida, mas bem mais limitada que o FIFO – tanto que, nas operações logísticas em geral, a grande maioria adota FIFO como padrão e recorre ao LIFO somente em casos justificados.
Vantagens e limitações do método FIFO
Por sua natureza de priorizar sempre os itens mais antigos, o FIFO traz diversas vantagens operacionais e financeiras. A primeira e mais evidente é o melhor controle de estoque: como o fluxo de saída respeita a ordem de entrada, fica fácil rastrear lotes e datas, tornando os registros mais confiáveis. Isso aumenta a acurácia e simplifica auditorias de inventário, já que dificilmente existirão produtos esquecidos por longos períodos.
Outra vantagem importante é a redução drástica de perdas por vencimento ou obsolescência. Produtos perecíveis são consumidos dentro do prazo, evitando descarte; itens suscetíveis a mudanças de moda ou tecnologia também giram mais rápido, diminuindo a chance de encalhe.
O FIFO também dinamiza a rotatividade do armazém: ao escoar primeiro o que chegou primeiro, o estoque se renova constantemente, o que pode evitar acúmulo excessivo e necessidade de áreas adicionais de armazenagem. Em termos de nível de serviço, o FIFO tende a oferecer uma experiência consistente ao cliente final – especialmente em varejo alimentício, por exemplo, onde garante-se que os consumidores sempre recebam produtos mais frescos ou recentes possíveis.
Entretanto, o método FIFO não é isento de limitações. Uma delas é a necessidade de estruturas ou organização específicas para funcionar bem. Para operar em FIFO, muitas vezes o armazém precisa estar disposto de forma que a entrada e saída dos produtos sejam por pontos diferentes. Sem a infraestrutura adequada – como racks dinâmicos ou corredores duplos – a empresa pode acabar realizando manobras extras para “rodar” o estoque, o que consome tempo e recursos. Em termos de aproveitamento de espaço, sistemas 100% FIFO podem ter densidade um pouco menor comparados a alguns arranjos LIFO compactos.
Pense em um armazém de pallets em bloco: se for necessário manter FIFO estrito, talvez seja preciso limitar a profundidade das pilhas ou das posições para garantir acesso ao pallet mais antigo, potencialmente não usando toda a capacidade de compactação. Portanto, operações cujo foco principal é maximizar a ocupação cúbica a qualquer custo, com produtos homogêneos e baixo giro, podem achar o FIFO menos eficiente nesse quesito.
Ainda assim, na maioria das situações o benefício do FIFO em controle e prevenção de perdas supera a pequena ineficiência espacial, principalmente quando lidamos com cadeias onde a qualidade do estoque e o atendimento ao cliente são críticos.
Vantagens e limitações do método LIFO
O método LIFO, por sua vez, oferece vantagens pontuais para cenários específicos. Uma delas é a simplicidade de operação em depósitos onde ele se aplica: como todo manuseio é feito pela mesma frente da estrutura, o operador não precisa circular para um segundo acesso. Isso pode significar mais rapidez no carregamento e descarregamento de pallets, já que elimina etapas – especialmente em sistemas como drive-in ou push-back, onde a última carga inserida já fica posicionada para a retirada imediata.
Outra vantagem é a redução de movimentações internas desnecessárias: mercadorias estocadas há mais tempo permanecem no fundo até serem efetivamente necessárias, sem a exigência de realocá-las a todo momento para dar vazão aos lotes novos. Com menos reposicionamentos, diminui-se também o risco de danos nos produtos por manuseio frequente.
Operadores focam em colocar e tirar paletes do mesmo lugar, o que simplifica o treinamento e dá flexibilidade para administrar o estoque – por exemplo, é fácil “estocar para trás” itens excedentes sem interferir no fluxo dos mais recentes.
Quanto às limitações do LIFO, a principal é inerente à lógica do sistema: o risco de acumular itens antigos no fundo. Se não houver um controle de inventário rigoroso, mercadorias armazenadas há muito tempo podem permanecer intocadas, o que representa capital parado e potencial obsolescência (mesmo produtos não perecíveis podem perder valor de mercado ou ficar defasados tecnologicamente se ficarem esquecidos).
O LIFO exige atenção redobrada nos registros – é preciso garantir que os sistemas de gestão identifiquem corretamente quais lotes ainda estão no estoque quando chega uma expedição, já que visualmente eles podem estar escondidos atrás dos mais novos. Em auditorias, o LIFO pode levantar questionamentos se houver itens muito antigos estocados sem rotatividade; a empresa deve demonstrar que há critérios claros para mantê-los ali (por exemplo, estoque de segurança de longa duração).
Outra limitação importante é que o LIFO é incompatível com itens de validade curta, o que restringe severamente seu escopo de uso. Muitas operações logísticas mistas (com portfólios diversos) acabam aplicando LIFO somente a uma fração dos produtos, precisando gerir dois sistemas paralelos no armazém – o que pode aumentar a complexidade administrativa.
Por fim, em termos de custos logísticos, o LIFO não oferece vantagens significativas de redução de desperdícios (já que não previne vencimentos) e pode até incorrer em custos de capital mais altos se induzir a manutenção de estoques antigos por mais tempo que o necessário. Assim, seu emprego deve ser muito bem justificado pelo ganho em espaço ou agilidade em comparação às alternativas.
Comparação entre métodos de armazenagem: FIFO vs LIFO
Para decidir entre FIFO e LIFO, é preciso analisar os impactos de cada método em diversos aspectos da operação. No que tange à precisão de inventário, o FIFO tende a facilitar o controle – as saídas obedecem à sequência das entradas, tornando mais transparente o que ainda está armazenado e há quanto tempo. Já no LIFO, manter a acurácia requer disciplina extra, pois itens antigos podem ficar “escondidos” e exigir monitoramento manual ou uso de sistemas para garantir que não sejam esquecidos.
Quanto aos custos logísticos, o FIFO geralmente minimiza perdas (logo, reduz custos de produtos descartados) e pode diminuir a necessidade de segurar estoques de segurança elevados, já que a rotatividade é constante. O LIFO, por outro lado, maximiza o aproveitamento de espaço em alguns arranjos de armazenagem, o que pode levar a economia de custos imobiliários ou energéticos, especialmente em armazéns frigorificados, onde cada metro cúbico é caro. Contudo, se aplicado sem critério, o LIFO pode aumentar custos financeiros por manter capital imobilizado em estoque antigo por mais tempo.
No quesito obsolescência de produtos, o FIFO leva vantagem clara: ao expedir primeiro os itens mais antigos, reduz drasticamente o risco de produtos ultrapassados ou vencidos no estoque. Com LIFO, existe a possibilidade de obsolescência silenciosa – itens no fundo podem perder valor sem serem notados, principalmente em setores de alta inovação (imagine componentes eletrônicos cuja tecnologia evolui; se estocados via LIFO, os lotes mais antigos podem ficar obsoletos antes de serem utilizados).
Em termos de nível de serviço ao cliente, o FIFO contribui para entregar produtos mais novos ou dentro dos melhores prazos de validade, o que melhora a satisfação e reduz devoluções por vencimento. No LIFO, se não houver esse cuidado, corre-se o risco de eventualmente entregar a um cliente um lote mais velho, o que pode não ser um problema para materiais duráveis, mas seria inaceitável em bens de consumo perecíveis.
Por fim, nas auditorias e conformidade, o FIFO é frequentemente visto como boa prática em setores regulados (como farmacêutico e alimentício) justamente por garantir a rotatividade e rastreabilidade por data de entrada. Auditores tendem a avaliar positivamente um armazém FIFO bem-organizado, enquanto um armazém LIFO exigirá evidências de que nenhum lote ficou esquecido além do aceitável. Em suma, FIFO e LIFO não são rivais excludentes – cada um pode ser a escolha certa dependendo do contexto.
O importante é entender como eles se comportam nesses critérios operacionais e, se necessário, combinar métodos distintos em diferentes segmentos do estoque para alcançar o melhor equilíbrio entre custo e serviço.
Soluções da ISMA para FIFO: Flow Rack, Porta-Paletes Dinâmico e Drive-Through
Implementar FIFO de forma eficaz muitas vezes requer estruturas de armazenagem projetadas para esse fluxo. A ISMA, especialista em soluções intralogísticas, oferece diversos sistemas que facilitam a adoção do método FIFO em armazéns de diferentes perfis.
Entre eles destaca-se o Flow Rack, um sistema de armazenagem manual em que os produtos, geralmente acondicionados em caixas ou contêineres pequenos, deslizam por gravidade sobre roletes ou rodízios levemente inclinados. Nessa configuração, abastece-se as mercadorias por um lado da estante e retira-se pelo lado oposto, garantindo que o primeiro item inserido seja realmente o primeiro a sair.
O Flow Rack é indicado para altas rotatividades em pequenos volumes, sendo ideal em operações de picking, nas quais é crucial repor e retirar itens rapidamente. Com o auxílio da gravidade, os produtos “avançam” automaticamente até a posição de coleta conforme os anteriores são removidos, o que dispensa movimentações extras e mantém a ordem FIFO de forma natural.
Para estoques paletizados de maior porte, a ISMA disponibiliza o Porta-Paletes Dinâmico – também conhecido como porta-paletes de plano inclinado ou pallet flow. Trata-se de uma estrutura onde os pallets são armazenados sobre trilhos de roletes com declive suave, permitindo que deslizem para a frente pela ação gravitacional.
O resultado é semelhante ao flow rack, porém em escala de pallets inteiros: alimenta-se a carga por uma extremidade do corredor e retira-se pela outra extremidade, assegurando a sequência FIFO (o primeiro pallet a entrar no canal será empurrado adiante pelos subsequentes e sairá primeiro na outra ponta). O Porta-Paletes Dinâmico combina densidade de armazenagem alta com seletividade média, ou seja, armazena muitos pallets em profundidade, mas ainda permite acesso ordenado a cada canal de SKU.
É especialmente vantajoso para produtos de giro alto ou médio que exigem controle de data/lote, pois une o aproveitamento de espaço – eliminando corredores intermediários – com a rotatividade automática dos estoques. Como benefício adicional, esse sistema reduz o uso de empilhadeiras para reposicionar pallets: a gravidade faz o trabalho de levar o próximo pallet à posição de picking, economizando tempo e aumentando a segurança operacional.
Outra solução da ISMA voltada a operações FIFO é o Drive-Through, uma estrutura muito empregada quando se deseja alta densidade de armazenagem, sem abrir mão da ordem cronológica.
No drive-through, as estantes formam corredores profundos pelos quais as empilhadeiras podem atravessar de um lado a outro. O carregamento dos pallets é feito por um lado da estrutura e a retirada pelo lado oposto, permitindo que o primeiro pallet inserido naquele túnel seja de fato o primeiro a sair na outra face. A construção do drive-through é similar ao drive-in (que veremos adiante), porém aqui o acesso é bilateral, garantindo o FIFO. Essa configuração é recomendada para armazéns com espaço disponível nas duas extremidades da estrutura, como galpões amplos onde se possa reservar uma área para entrada de um lado e expedição do outro.
O drive-through maximiza o uso do volume cúbico quase tanto quanto o drive-in, mas atende produtos que requerem FIFO – por exemplo, câmaras frias de alimentos onde lotes devem sair na ordem de chegada. Com o drive-through da ISMA, é possível armazenar em grande profundidade (vários pallets em sequência) sem comprometer a rotatividade correta, resultando em alto aproveitamento de espaço aliado à segurança de não deixar itens vencendo no fundo da prateleira.
Soluções da ISMA para LIFO: Push Back e Drive-In
No caso de operações onde o LIFO se mostra mais adequado, a ISMA oferece estruturas otimizadas para trabalhar nesse princípio, proporcionando alta densidade de estocagem e agilidade na movimentação. Um dos principais sistemas LIFO é o Push Back, no qual os pallets são acomodados em carrinhos ou trilhos deslizantes dentro dos canais de armazenagem. Cada novo pallet inserido empurra o anterior mais para dentro (daí o nome push back), formando uma fila em profundidade; na retirada, ocorre o inverso: ao remover o pallet da frente, o seguinte vem para a posição de acesso.
Toda carga é manuseada pela mesma frente da estrutura, caracterizando a lógica LIFO (o último que entrou será o primeiro disponível para sair). Uma das vantagens do push back é não exigir que a empilhadeira adentre os túneis para depositar ou retirar pallets – diferente do drive-in. Os pallets ficam suportados nos carrinhos e se deslocam por gravidade quando há espaço à frente, o que aumenta a velocidade da operação e diminui riscos de colisão dentro da estrutura.
O sistema Push Back da ISMA é recomendado para armazenar produtos de baixa seletividade e alta densidade, ou seja, poucos SKUs com muitos pallets cada (por exemplo, lotes grandes de matérias-primas não perecíveis, itens de produção sazonal, etc.). Ele oferece um compromisso interessante: boa utilização de espaço com vários pallets por canal, e simultaneamente maior agilidade de carga/descarga em comparação ao drive-in, já que o operador sempre manuseia os pallets pela frente do rack. Como ponto de atenção, por operar em LIFO, o push back não deve ser aplicado a produtos de validade curta ou que necessitem controle FIFO rigoroso– nesses casos, outra solução seria mais apropriada.
Outra estrutura clássica para LIFO é o Drive-In, conhecida por proporcionar armazenagem compacta em profundidade. No drive-in, as estantes formam corredores internos nos quais a empilhadeira literalmente entra para posicionar ou retirar os pallets. Todos os pallets de um mesmo corredor/canal ficam armazenados um atrás do outro sobre trilhos de apoio, acessíveis por um único lado. Isso significa que, para retirar um pallet que está no fundo, é preciso antes remover os que estão à sua frente – exatamente a configuração LIFO.
A ISMA desenvolve drive-ins com alta qualidade estrutural, permitindo armazenar em diversos níveis verticais e profundidades, suportando grande quantidade de pallets de um mesmo item. A vantagem principal dessa solução é o máximo aproveitamento do espaço: eliminando a maior parte dos corredores de circulação, o drive-in consegue alcançar densidades extremamente altas de armazenagem.
É ideal para empresas que trabalham com grandes volumes de um produto homogêneo e de baixo giro, como indústrias químicas com lotes padronizados, ou armazéns frigorificados estocando pallets de um mesmo alimento congelado por longos períodos. Nesses casos, a perda de seletividade (acesso individual a cada SKU) não é crítica, já que há poucos SKUs, e a prioridade é guardar o máximo de pallets possível no menor espaço.
O drive-in, sendo LIFO, normalmente é instalado encostado em paredes ou no fundo do armazém – isso porque o acesso é somente pela frente, então encostá-lo a um limite físico otimiza ainda mais o espaço e evita desperdício de área. A limitação operacional está na baixa seletividade e na necessidade de um excelente treinamento de operadores (por dirigirem empilhadeiras dentro de corredores estreitos com cuidado para não causar danos).
Ainda assim, quando bem planejado, o drive-in reduz significativamente o custo por metro cúbico armazenado e pode ser a diferença para viabilizar estoques de segurança robustos onde o espaço é caro.
Orientações para escolha entre métodos de armazenagem (FIFO ou LIFO)
Diante de características tão distintas, como escolher o método de armazenagem ideal para cada operação? Não há resposta única – a decisão deve considerar o perfil da operação em múltiplos aspectos. Um critério fundamental é o tipo de produto e seu prazo de validade.
Se os itens possuem vida útil limitada, tendência à deterioração ou obsolescência rápida, o FIFO desponta como obrigatório, pois somente ele garantirá a saída na ordem cronológica, evitando perda de qualidade. Isso vale não apenas para alimentos e medicamentos, mas também para quaisquer produtos cuja atualização ou modelo mude rapidamente: nesses casos, mesmo que não expirem fisicamente, modelos antigos perdem valor, então é sensato expedi-los antes dos novos.
Em contraste, se a mercadoria não sofre degradação significativa com o tempo – matérias-primas estáveis, componentes de longa vida, artigos sem sazonalidade imediata – então o LIFO pode ser considerado para simplificar a logística, desde que outros fatores justifiquem.
Outro ponto a avaliar é a relação volume x variedade de SKUs no armazém. Operações com alta variedade de produtos e volumes moderados por SKU geralmente se beneficiam do FIFO, pois necessitam alta seletividade e controle individual de cada referência. Por exemplo, um centro de distribuição de peças de reposição com milhares de itens diferentes tende a usar FIFO em prateleiras ou porta-paletes seletivos, garantindo acesso imediato a qualquer item.
Já operações com pouquíssima variedade e volumes massivos – como um depósito dedicado a um único produto ou poucos produtos homogêneos – podem aproveitar a eficiência do LIFO para ganhar densidade. Nesses ambientes, não há complicação de misturar diversos SKUs no mesmo canal, permitindo encher um drive-in até o fundo ou um push back com vários pallets do mesmo item sem prejudicar a gestão, já que todos são iguais. Assim, quanto mais homogênea e de baixo giro for a mercadoria, mais viável o LIFO, ao passo que quanto mais heterogêneo e de alto giro for o portfólio, mais o FIFO se torna necessário para organizar a casa.
A rotatividade ou giro de estoque em si também orienta a escolha. Empreendimentos com giro elevadíssimo – como e-commerces de bens de consumo rápido – prosperam com FIFO, pois estão constantemente recebendo e expedindo produtos, precisando manter a cadência para não travar o fluxo. O FIFO assegura que não haverá gargalos por conta de estoque velho acumulado ocupando espaço.
Em contrapartida, se o giro é baixo e previsível (por exemplo, estoque regulador de matérias-primas que só é usado eventualmente), o LIFO pode simplificar a operação, armazenando tudo compactamente até o momento de uso, sem a necessidade de rearranjar periodicamente. Também leve em conta o tipo de operação de picking ou expedição: se a separação de pedidos é fracionada (caixas ou peças individuais), estruturas dinâmicas FIFO como flow racks e porta-paletes dinâmicos são muito úteis para tornar os produtos acessíveis na ordem certa. Já se o despacho é sempre em unidades de carga completas (pallets inteiros) e o consumo não segue uma ordem rígida, o LIFO pode ser aplicado com segurança em determinadas áreas, como em estoques pulmão.
Uma recomendação prática é analisar os dados de vendas/consumo e características físicas de cada família de produtos. Muitas operações híbridas adotam FIFO para itens críticos, tais como produtos perecíveis, alto giro, alto valor de obsolescência, e LIFO para itens neutros – seja de longo prazo, baixa rotatividade, ou volumosos homogêneos.
`Não há impedimento em coexistir ambos no mesmo armazém, contanto que a infraestrutura e o WMS estejam preparados para cada estratégia. De fato, a própria infraestrutura disponível ou planejada é um fator decisivo: se o armazém já possui estruturas drive-in instaladas, a empresa tenderá a usá-las em LIFO para maximizar o investimento; se conta com porta-paletes seletivos convencionais, provavelmente seguirá FIFO na maioria das posições.





